às vezes
não compreendo
o verdadeiro sentido de existir
por muitos caminhos percorro
e não tenho aonde ir...
será aquele
o caminho certo?
ou cego estou
que não vejo nenhuma direção?
...que não desperto...
e se existir
é apreciar a beleza da vida?
e se existir
é pensar alguma coisa concreta?
...
então:
não aprecio
não penso
e não sinto...
apenas respiro
tão mal o ar desta vida...
para Cátia Cylene
na medida de nossas vontades
e na intensidade certa
acontece
com olhar
toque
e beijo
tão diferentes
e iguais
ao mesmo tempo
disponíveis
e opostos
que se atraem
no encaixe perfeito
Sou o pássaro abatido
a mancha de pálida penugem
Sou as lágrimas transbordantes
a inundação melancólica
Sou a fria rajada
a minha própria atrocidade
Sou o defunto recém enterrado
o triste grito de agonia
Sou a alma que vagueia
sou do outro mundo
sou o fim de tudo isso!
