sábado, 4 de fevereiro de 2012

Primitivo

Sou um homem
que não sabe
mas busca
que busca
mas não sabe

o sangue
murmura em mim
na tentativa
de adestrar-me

o sangue
às vezes
me esquenta, me ferve
me explode
de cólera dentro de mim

sou um homem
que não sabe
mas busca

sou um homem
que busca
circunspecção
mas não sabe
que busca
a fala do coração
mas não sabe

sou um homem
que busca
o conforto dos abraços
mas não sabe
que busca
o cessar de coisas brutais
mas não sabe

Sou um homem que não sabe
Não, não sabe
quando o corpo fala
e o coração cala...


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

e se tuas intencionadas mãos...

e se tuas quentes mãos
percorrem o itinerário
das alturas do meu corpo
e me conduzem ao paraíso...

e se tuas gélidas mãos
de asco
ou de nojo,
levam-me
ao penhasco lúgubre,
despenco no inferno...

e se tuas intencionadas mãos...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Como é lindo o nosso nadador!!!



Para Bolívar Meneghini



ele ficou nove meses
fazendo natação
preso por um cordão
numa pequena piscina
quente
a 36 graus
oval
afetiva
amorosa


exercitava
os pequenos músculos
e se desenvolvia


agora
segue se desenvolvendo
com o leite
do peito da mamãe
uma alimentação balanceada


e continua com a natação
numa banheira azul
e quente
com o apoio
de dois treinadores
(mamãe e papai)
que o amam muito


ele tem os ombros
largos


Como é lindo
o nosso nadador!!!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ponto final

O dia vem-e-vai
sempre distinto
para a minha alegria
ou meu desgosto


o dia vai-e-vem
fica
e passa
lembra
ou esquece
numa variedade
de acontecimetos
que interferem
na vida das pessoas


o dia vem-e-vai
o dia é um abraço
do sol
ou uma bofetada
do frio cinzento


O dia vai-e-vem
e nunca finda
o dia
não cessa
com seus encantos
ou desencantos

o dia vem-e-vai
o dia morre
lentamente
no crepúsculo
o dia espera
a ávida noite
e no derradeiro
despede-se


ponto final

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Espetáculos para amar ou lembranças das férias passadas

Para Cátia Cylene


A madrugada encantadora
de mar prateado
barcos
redes de espera
pescadores
molinetes
anzóis
o brilho da lua
a pousada em Pântano do Sul, Floripa
o canto do mar
a voz da bela mulher
deitada na esteira
maresia voraz
com desejo na carne
e incêndio no coração
a paixão que arde no homem
e queima a bela

resulta em espetáculos de amar...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

...

o cotidiano
feito de linguagem pontiaguda
contundente
atroz
fere com rajadas
de bocas
de gritos
de raiva
de escarros

o cotidiano
feito de linguagem cortante
rasga
abre
desfia desprezos

o cotidiano
feito linguagem que açoita
deixa marcas
feridas de indiferença

O cotidiano
feito linguagem insensível
é primitivo
selvagem
e faz doer
profundamente....

domingo, 11 de setembro de 2011

Meu filho...



Para Bolívar Meneghini

Ficaste morando durante quase nove meses
na barriga de tua mãe
E o tempo correndo como um louco
E os nossos dias intensos como sempre:
a intensidade da espera
e das trasnformações
E o tempo veloz,
sem trégua,
aproximava ansiedades, buscas e decisões...

Enfim,
o dia em que tu saíste da barriga
de tua mãe...
Nasceste
e em poucos minutos
os meus braços te sentiram
quente e cheio de amor
E o choro tão lindo
que jamais esquecerei...

Meu filho
tu és resultado de um amor verdadeiro,
um amor infinito...

Teu sorriso, teu choro,
e tuas fraldas que troco
são presentes que guardo
na memória do coração
para toda a minha existência.

Hoje bebê
amanhã um rapazinho
e depois um homem feito,
porém sempre meu filho,
meu amado filho.